domingo, abril 30, 2006

patagónia





Quem me dera ser onda e chegar à minha praia

sábado, abril 29, 2006

acreditar sempre


Apelo feito na rede bloguista para chamarmos à atenção de organizações de solidariedade.

A Acreditar não desiste. Eu também não.

quarta-feira, abril 26, 2006

Plágio!

"A paixão fica antes do amor, abaixo da amizade e nos espaços em branco da consciência.

Nada é mais romântico do que uma leitura a quatro olhos, partilhando o mesmo par de óculos."


in Gola Alta*

terça-feira, abril 25, 2006

Bom Dia Liberdade



E
Depois do Adeus


Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.
Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder.
Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci.
E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor
Que aprendi.
De novo vieste em flor
Te desfolhei...
E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós.

de José Niza

sexta-feira, abril 21, 2006

(Jan Vermeer)


Aquela mulher quase chocou contra mim. E eu que nem tive tempo para me desviar, senti o cheiro de pouco banho e ferida aberta. Ela olha. Quer comprar um Borda d’Água? Tem uma boa previsão do tempo e até já acertou da chuva que caiu.
Mas não quero olhar para ela. Está de mãos escondidas.
Sabe o meu nome? Gabriela. Costumo ser bem tratada pelas pessoas quando lhes conto do ano que vem. Quer que lhe diga? São três euros e até escrevo num papel os nomes do futuro. Ainda não fui embora? Não consigo sair daquela esquina. Ah, tem uma criança. É linda e sincera. Nasce em dia de lua suave. Tem uma terra. E sente-lhe as flores macias da primavera.
Não quero saber. Não tenho de saber se a vida anda para a direita ou em frente e se o céu já disse bons dias para sempre e as janelas ficam abertas até ao amanhecer.
Ah, desculpe. Onde deixou as suas asas?
No olhar de uma outra mulher.

quinta-feira, abril 20, 2006

"Beautiful Day"

(Jackson Pollock)



The heart is a bloom
Shoots up through the stony ground
There's no room
No space to rent in this town
You're out of luck
And the reason that you had to care
The traffic is stuck
And you're not moving anywhere
You thought you'd found a friend
To take you out of this place
Someone you could lend a hand
In return for grace
It's a beautiful day
Sky falls, you feel like
It's a beautiful day
Don't let it get away
You're on the road
But you've got no destination
You're in the mud
In the maze of her imagination
You love this town
Even if that doesn't ring true
You've been all over
And it's been all over you
It's a beautiful day
Don't let it get away
It's a beautiful day
Touch me
Take me to that other place
Teach me
I know
I'm not a hopeless case
See the world in green and blue
See China right in front of you
See the canyons broken by cloud
See the tuna fleets clearing the sea out
See the Bedouin fires at night
See the oil fields at first light
And see the bird with a leaf in her mouth
After the flood all the colors came out
It was a beautiful day
Don't let it get away
Beautiful day
Touch me
Take me to that other place
Reach me
I know
I'm not a hopeless case
What you don't have you don't need it now
What you don't know you can feel it somehow
What you don't have you don't need it now
Don't need it now
Was a beautiful day

U2

quarta-feira, abril 19, 2006

eu quero, e tu?

terça-feira, abril 18, 2006

One From The Heart




Refiz a dobra do papel.
O papel que diz do futuro, embrulhado e guardado numa escrita solitária de quem já tinha chorado uma vez.
Refiz a dobra para que ninguém soubesse, assim.
Minha e triste como o pássaro que não quis sair do ninho e agora espera que alguém o empurre e o atire para debaixo daquelas telhas vermelhas que a casa podre ainda tem.
Asas que estão proibidas e os dias de sol apenas de direito quando me esqueço de fechar os olhos. Refiz a dobra do papel.
Não por medo. Por terror.


versão livre de
"One From The Heart" (1982)
real: Francis Ford Coppola

segunda-feira, abril 17, 2006

ícarus


Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na Deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo, Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,
Creio num engenho que falta mais fecundo De harmonizar as partes dissonantes, Creio que tudo eterno num segundo, Creio num céu futuro que houve dantes,
Creio nos deuses de um astral mais puro, Na flor humilde que se encosta ao muro, Creio na carne que enfeitiça o além,
Creio no incrível, nas coisas assombrosas, Na ocupação do mundo pelas rosas, Creio que o Amor tem asas de ouro. Ámen.

Natália Correia

quarta-feira, abril 12, 2006

como eu posso dizer da saudade que sinto e não devo contar

Se me esqueço de armar o despertador, há sempre um camião carregado de legumes e frutas para o restaurante lá debaixo que me acorda. Por volta das sete horas já o meu banho escorre pelos canos da cidade que dizem estar cheios de ratazanas, as mesmas que eu vejo todas as manhãs no subway.
O roupão é azul, daquele como o que está nas obras de Picasso no seu período dessa côr. Há um quadro, em particular, de que gosto. Deve ser pelas asas e pela janela que permanece aberta. Está sempre aberta. Como a vida que levo nestas ruas cinzentas e cheias de gente. Aqui, nem os cremes são inprescidíveis. A humidade é tanta que quase transpiro com 5 graus negativos. Sim, a temperatura sei todos os dias pela rádio que não se cala. Acertam sempre. E ponho sempre os cremes. No roupão que largo em cinema da cama, ficam os cheiros do banho e da pele da noite que se enroscou sózinha naquele edredon de penas, onde durmo tão bem. Que espécie de sedativo terá a cidade? Todas as noites adormeço. E o azul dessa janela reacende-se à porta do prédio, quando o frio me atinge os olhos e o nariz e as orelhas. Com as luvas postas, peço uma bagle, com cream cheese e deixo um dolár em moedas de cêntimo que já estou farta de ter o porta-moedas carregado. Bolas, esqueci-me de carregar o cartão do metro, tenho de voltar para trás e já estou atrasada mas aquela senhora está perdida nos botões da máquina e eu tenho de a ajudar. Fala português? Pois, como qualquer brasileiro. É verdade, estamos muito por cá. Obrigada pela ajuda. Mas será que ninguém fala em inglês? Ah, o rapaz que canta hip-hop. Bem, muito bem. O túnel cheira a fumo que não é fumo. Deve ser dos cabos e dos carris e das portas que se abrem e arranham o metal e das pessoas que fumaram e das caldeiras que aquecem as casas e ds délis que já têm a comida pronta para o almoço. Na viagem há um walkman que não pode ser perturbado. É quase nervoso pois se me mexo, volta ao início da canção. Que até nem me importo pois Lisa traz daquela energia que da voz sai.
Day... break.... logo pela manhã... antes de um expresso, o melhor que consegui encontrar está aqui na Union Square e eu até tenho tempo para me sentar num dos bancos e ver um esquilo ou dois a correr. Antes de entrar, o senhor do carrinho da esquina tem ali umas maças e umas pêras boas que servem para o meio da manhã e para a proibição de fumar lá dentro. E há também um dióspiro. Adoro dióspiros, muitos. Côr de laranja e maduros como o calor da minha África que também sou capaz de morder e deixar correr pelos cantos da boca o sumo dos prazeres. E azul é a luz daquele horizonte que se define enorme na Park Avenue e que eu anseio por fazer a pé até ao barco que vai e vem para a Staten Island e dizer excuse me e I’m sorry e thank you soo much e a glass of ice water, please e one ticket e some pancakes e a yellowcab e keep the change. Pronto, já me perdi. Vou comer um morango enquanto não me transformo em pássaro branco e me perco nas minhas rotinas azuis de Nova Iorque.

segunda-feira, abril 10, 2006

uma viagem sem regresso


até podemos ser felizes
por 70 cêntimos.
acredita?

sábado, abril 08, 2006

O meu sofá


Fim de tarde.



Já tinha arrumado os meus desejos e fingido os meus esquecimentos.
Amar sobre as lágrimas, em lágrimas.
Escarificar gritos na tal geografia da dor.
Encontrei o desejo no corpo de um homem.
Lembro-me da tarde de corpo torcido.

Dar sem pensar.
Entrega única.
E surgir o amor.
Idade nova.
Eu tive sorte. E escrevi-o no meu corpo, em cada lugar de ser mulher.

“Em Carne Viva” (1998) de Pedro Almodovar

sexta-feira, abril 07, 2006

quinta-feira, abril 06, 2006

Hoje vou.


Espectáculo ao vivo
21H30
Teatro Maria Mattos
Lisboa (da noite)

terça-feira, abril 04, 2006

La chanson des vieux amants



Finalmente. Finalmente ele chega. A porta do automóvel abre-se numa pressa. Tenho vestida uma saia branca que a minha mãe me deixou comprar. A minha mãe diz que nunca nos casamos com o nosso verdadeiro amor. E eu vou acreditar? Agora não. Sento-me e as pernas tremem. Mas sei que tenho aquele olhar seguro de quem sabe o que faz. Para o resto da vida? Sim, para o resto da vida, eu sei o que quero. E já nem quero mais nada. A estrada tem buracos. Muitos que me fazem saltar do banco, só que nem consigo desviar o rosto. Sim, o meu homem tem cheiro. Confundo-me ali, na sua pele. Que ainda não conheço. Que ainda não me provou. Pele que se guardou. A minha para a dele. E ainda há dos dedos. De falar dos dedos e dos suores da humidade que a minha Ásia tem. A minha Ásia que é do corpo que quero e nem sequer temo. Branca. A minha Ásia branca nos braços de um desconhecido que nem sei do nome. Sei da côr que também é essa minha e branca e sei das músicas e das poesias que eu aprendi logo à nascença. Agora já posso dizer delas.A viagem continua pelo meio da ruidosa cidade. Há um vendedor que nos olha pela janela e fica feito de olhar aflito. Não vá menina, não vá! Sabe lá quem é que a pode ter? Não sabe que é heresia amar assim? Vá, vá embora... ainda tem tempo de fugir. Fugir? Para onde, se este é o meu lugar? Sei lá se sei de amar... alguém me pode ensinar? Por entre os panos brancos que o meu homem estendeu, sei. O meu homem nem sabe que já digo meu. As flores espalham-se na estrada. Os fumos da casa do ópio invadem a minha cabeça. O ópio que queria ter coragem de fumar. O meu homem fumaria comigo e esqueceríamos que o mundo existe e que as cores não têm sentido e que a verdade é um risco e que a vida toda está no seu sorriso. Já disse do seu sorriso? Ó senhor jardineiro, o seu sorriso é a virtude maior que eu tenho. Já lhe disse, senhor jardineiro que o seu sorriso é mais antigo que a minha memória de gostar? O seu sorriso leva-me agora para a cama e eu nem sei se sei como beijá-lo.

O sangue vermelho já molha os lençois.


versão livre da cena do primeiro encontro em
"O Amante" (1992)
real. Jean-Jacques Annaud

domingo, abril 02, 2006

A Dama de Hopper

Would you like a cup of tea?
I've got a big house and
I would like to know if you're
kind enought
to be happy for me.