sexta-feira, abril 21, 2006

(Jan Vermeer)


Aquela mulher quase chocou contra mim. E eu que nem tive tempo para me desviar, senti o cheiro de pouco banho e ferida aberta. Ela olha. Quer comprar um Borda d’Água? Tem uma boa previsão do tempo e até já acertou da chuva que caiu.
Mas não quero olhar para ela. Está de mãos escondidas.
Sabe o meu nome? Gabriela. Costumo ser bem tratada pelas pessoas quando lhes conto do ano que vem. Quer que lhe diga? São três euros e até escrevo num papel os nomes do futuro. Ainda não fui embora? Não consigo sair daquela esquina. Ah, tem uma criança. É linda e sincera. Nasce em dia de lua suave. Tem uma terra. E sente-lhe as flores macias da primavera.
Não quero saber. Não tenho de saber se a vida anda para a direita ou em frente e se o céu já disse bons dias para sempre e as janelas ficam abertas até ao amanhecer.
Ah, desculpe. Onde deixou as suas asas?
No olhar de uma outra mulher.

5 Comments:

Blogger Roxanne said...

E eu que quero tanto saber...

9:58 da manhã  
Blogger maldito cinema said...

Estamos em sintonia, amiga. Eu encontrei um anjo chamado Gabriela. Tu disseste o que eu queria dizer. Nem é preciso saber mais nada...;)

1:05 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Há sempre uma "Gabriela" ao virar da esquina...

10:49 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Experimento as tuas mãos a passearem-me, a passearem-se em mim…
e é por isso que se agiganta a saudade…

jardin

5:46 da tarde  
Blogger Unknown said...

fantástico!
é bem verdade quem diz que quem ama o cinema e a literatura e a música sempre há-de ter alma de poeta, de quem sabe que a Vida leva V grande e qua as crianças são a nossa luz na Terra.

8:02 da manhã  

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